Dentro do Armário

domingo, 25 de janeiro de 2009
"(...)E se definitivamente a sociedade
Só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras, és nocivo,
És um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro
Te pregam na cruz
Depois chamam os urubus(...)"
Chico Buarque, Hino de Duran

Inegavelmente os homossexuais saíram do armário nos últimos anos. As Paradas da Diversidade, cada vez mais, tornam-se megahiperultrasupereventos em que ninguém pensa em se esconder. É comum entre os adolescentes a convicção de que não é mais bicho-de-sete-cabeças experimentar uma relação com o mesmo sexo para poder fazer com mais propriedade sua opção sexual. Sem falar nos que declaram querer passar a vida experimentando tudo sem se decidir por nada. Opções sexuais à parte, ganhamos em liberdade e redução da hipocrisia, pois já que é inconcebível estabelecer regras para o uso que os indivíduos fazem das próprias mãos ou pescoços...

Mas existe um tipo humano que não saiu e nem parece que vá, tão cedo, sair do armário. Está tão bem escondido lá, que pouquíssimos dos antigos co-habitantes de seu esconderijo sabiam que desfrutavam de sua companhia. Mas não é que eu seja... O lance é que há menos de um mês, fui visitar um amigo, e, como o banheiro social estava em obras, precisei usar a suíte. (Vou poupar o possível leitor dessas linhas de um longo trecho de suspense, conflitos cognitivos e explicações, indo direto ao fato, afinal, não sou ficcionista nem repórter.) Quando entrei no quarto, a porta do armário estava entreaberta e, ao passar por ela, flagrei dentro do tal armário um “honesto enrustido”.

É verdade, segundo a própria pessoa portadora de valores peculiares disse durante uma breve conversa, embora poucos saibam, existem milhares de brasileiros honestos enrustidos, ainda que a desonestidade tenha sido e seja o traço mais marcante do caráter brasileiro. Depois dos momentos tensos e confusos que resolvi omitir nesse relato, descobri que o tal sujeito era um irmão do meu amigo que todos acreditávamos morar em outro estado há anos, mas que na verdade vivia em cárcere privado voluntário. O que acontece é que esses milhares de brasileiros honestos enrustidos enfrentam uma situação do tipo “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ou seja, precisam escolher entre ser desonestos e violentarem a si próprios, ou, contra tudo e contra todos, tentarem dar vazão a sua honestidade, o que no Brasil, talvez seja o único crime em que não se pode contar com a impunidade.

Ainda segundo ele, como apesar de honestos, não são masoquistas nem burros; vêm desde que os índios foram escorraçados, buscando refúgio em armários, closets e outros lugares sombrios. Com a freqüência que a prudência permite, organizam reuniões em que conversam sobre temas que, fatalmente, seriam considerados heréticos por ouvidos normais. Passam a vida sonhando com o dia em que seus compatriotas vão perceber que eles não são exatamente criminosos, como não o foram (nem o são) os homossexuais, ainda que no passado os do sexo masculino fossem enquadrados em um crime previsto por lei, o de sodomia.

Mesmo abalado, temeroso e confuso, confesso que tal descoberta me atiçou uma certa curiosidade antropológica. Pretendo assim que possível, entrar em contato com o meu amigo (o dono do apartamento) e marcar uma entrevista com o tal sujeito.

Quanta sabedoria!!!!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
"Exclama Arjuna:
Em verdade, Tu és Parabram, o Senhor Supremo! Os deuses,
os anjos e sábios reconhecem-Te como Refúgio universal, a
mais elevada Morada, Eterno Criador, Ser Absoluto Puríssimo,
Onipotente, Onisciente, Onipresente!"


Nesse dia, Ela, o Grande Oráculo, a Porta, o Verbo Divino, a versão moderna de Krishna, a pessoa que reúne em si todo o conhecimento necessário para uma vida plena e que nós temos a sorte de poder ouvir e ver todos os dias úteis (até mesmo quando por preguiça ou pelo nosso avançado estado de embrutecimento não queremos) se superou. Realmente, ao ouvir essas palavras, percebi que nem se dedicasse o resto da minha existência aos estudos, reflexão, purificação e meditação; conseguiria me sentir como Arjuna diante do "Mestre", caso tivesse a honra de encontrá-La.

Como diriam outros grandes sábios: Palmas para "A Senhora"!!!!

Farinha de Ipanema

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Essa versão foi composta por um amigão meu em homenagem ao Rio de Janeiro. Por enquanto só a letra está pronta, mas segundo ele mesmo "O arranjo vai ficar muito mais da hora que o da original, mano". Quem sabe esse não seja o primeiro passo de uma carreira meteórica do tipo Malu Magalhães.



Farinha de Ipanema

Rychardysson da Luz

Olha que coisa branquinha
é farinha pra "alta"
É ela, purinha
que vem e dilata
as pupila dos mano
na beira do mar.

Droga de blend encorpado
o poder de Ipanema
O seu resultado
é forte, não tema
Você é bacana
e alguém vai limpar.

Ah! por que estou tão sozinho?
Ah! por que tudo é tão triste?
AAAAAABSTINÊNCIA EXISTE!!!!!!!
E a farinha que me deu a vida
só vende lá na Rocinha.

Ah! se papai não soubesse
que depois da farra
se pego um dinheirinho
eu cheiro
e acaba.
Que velho sovina
só quer reclamar!!!!!
Só quer reclamar!!!!!