Dia dos Trabalhadores

sexta-feira, 1 de maio de 2009









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Trabalho escravo
Entrevista com José de Souza Martins

Sim, existe!

"É fundamental acabar com a mistificação de que não existe escravidão e de que, se existe, trata-se de casos isolados", afirma o entrevistado, que é membro de uma comissão da ONU para assuntos de escravidão contemporânea. "








"O tráfico e a venda de seres humanos florescem no mundo de hoje. As redes internacionais de prostituição se tornam mais fortes, e a exploração de trabalhadores mantidos em regime de servidão por causa de dívidas se organiza e amplia."



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O professor José de Souza Martins, da Universidade de São Paulo, doutor em Sociologia, faz parte dessa comissão, junto com quatro outros integrantes, da Índia, Mauritânia, Rússia e Inglaterra. O trabalho o pôs em contato com o drama da escravidão contemporânea nos quatro cantos do mundo.

Martins se diz um indignado com o que vê, sente e combate. Porque "se você não sente indignação, acaba numa discussão conceitual. Acaba se tornando conivente".

O Fundo Voluntário acompanha casos, leva denúncias e militantes até a ONU, apóia vítimas e programas contra a escravidão contemporânea. Um Fundo sem fundo, trabalhando mais na base da boa vontade e da criatividade, fazendo milagres para sobreviver. Nos seis anos de existência do Fundo, um único país de todo o continente americano, o Chile, ofereceu uma contribuição: de 2,5 mil dólares.

De sacolinha na mão, os membros da comissão apelam a grupos, organizações, empresas, particulares, todo mundo. Até mesmo crianças pobres, de uma favela qualquer, podem ajudar no combate à escravidão contemporânea. "Quem sabe desse modo os governos criem vergonha e se disponham a contribuir?", sugere Martins.
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Quer dizer, a escravidão está muito viva...
- Sem dúvida. Continuamos tendo a escravidão tradicional, característica de países como o Chade, Sudão e Mauritânia, onde as pessoas são escravizadas por tradição. Na China - é mais um exemplo -, renasce uma forma de escravidão que se imaginava superada pelo governo socialista: a escravidão da mulher, como dito antes.

Além disso, a escravidão reaparece, sob novas formas, em muitos outros países. Como no caso da América Latina e também dos Estados Unidos. Nesse país, após o fim da escravidão negra, no século 19, aparece um substituto, o servo endividado. É o chamado fenômeno da peonagem. Até os anos 30, o governo desenvolveu um plano legal para acabar com essa prática, e conseguiu.

Mas agora a peonagem volta a ocorrer, não apenas com os latinos que vão trabalhar clandestinamente nos Estados Unidos. No mês de março, descobriu-se uma fábrica onde só trabalhavam mulheres tailandesas, levadas clandestinamente de seu país por empresários orientais. Ficava mais barato fazer isso do que exportar roupas da Ásia para os Estados Unidos.

E no caso do Brasil?
- Em nosso país, o revigoramento da escravidão por dívida se deu com a expansão capitalista na região amazônica, durante o período militar. A primeira grande denúncia foi feita em 1971 por dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, numa carta pastoral.

A partir daí se montou um esquema de vigilância para acompanhar os casos. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) descobriu então que essa prática estava ocorrendo em toda a região amazônica.

Mais recentemente, os problemas começaram a aparecer em outra áreas. Há um certo número de ocorrências, inclusive, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Nos cinturões de pobreza das grandes cidades estão as populações mais vulneráveis. As pessoas aceitam trabalhar nessas condições porque não têm nenhuma alternativa. Ou é isso ou é morrer de fome.

Então, você tem a escravidão tradicional e também o nascimento de uma escravidão moderna, geralmente ligada a grandes empresas, ultramodernas, que não têm nada a ver com aquele fazendeiro de mentalidade arcaica.
- Na lista das empresas envolvidas estão todos os grandes grupos econômicos do Brasil, como o Bradesco, BCN, Bamerindus... Os nomes desses grupos aparecem nas denúncias feitas nos últimos trinta anos, sobretudo o do Bradesco.
Há casos que ficaram famosos, como o da Volkswagem, que tinha quinhentos escravos na Fazenda Vale do Rio Cristalino, no Pará, no final dos anos 80. Depois de comprovadas as denúncias, a empresa vendeu a fazenda.


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Contracheque de professor da rede estadual graduado em Licenciatura, ou seja, qualificado para atuar nos Ensinos Fundamental II e Médio (5ª série ao 3º ano).

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